terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Acre sitio ecológico

Sítio ecológico: tradição dos seringais é autossustentável


Escrito por Onides Bonaccorsi Queiroz - onides.queiroz@yahoo.com.br
30-Jan-2011
Ecologista Moisés Matias propõe a valorização do conhecimento tradicional
Ao jornalista profundamente estressado que procurou ajuda, a maioria dos médicos prescreveu tranquilizantes e antidepressivos. Felizmente, um deles recomendou: “Vá caminhar”.
Com os pés literalmente no chão, Moisés Matias começou a se recuperar. Encontrou sua cura e uma nova proposta para viver: na terra, da terra e com a terra.
Ao buscar suas raízes, o acreano de Tarauacá reencontrou o conhecimento tradicional do seringueiro. A partir dele, adotou o conceito de “sítio ecológico” e o colocou em prática numa área chamada “Panakuí” (significa paneiro pequeno), próxima à cidade de São Luís, no Maranhão, onde vive.


Moisés: “O sítio ecológico ativa um círculo de abundância”
A ideia básica do sítio ecológico é propiciar o desfrute de uma vida de qualidade, cujo sucesso é medido através da FIB (Felicidade Interna Bruta) em vez do PIB (Produto Interno Bruto). Parece brincadeira, mas é o índice oficial adotado desde os anos 70 pelo Butão (veja box à direita), país asiático. O sítio ecológico se utiliza de alguns princípios: produção de alimentos orgânicos para quem ali reside, preservação de áreas de vegetação original, geração de renda e autossustentabilidade (veja box à esquerda). Inclui a utilização de energia solar, eólica e da chuva, bem como a reutilização da água. Além disso, um dos pontos mais fortes do projeto é a transformação do lixo orgânico em estrume, medida que pode ser adotada pelas residências.
E qual tem sido o resultado dessa empreitada para Moisés e sua família? Saúde, boa alimentação, valorização de produtos da região e autoestima. “O sítio ecológico ativa um círculo de abundância, enquanto que uma fazenda convencional é deficitária do ponto de vista ecológico”, conta.
Moisés dá palestras e consultoria sobre o tema. E agora quer promover o fortalecimento dessa cultura também no Acre, sua terra natal. Em tempo: ele é filho de José Marques de Souza, o Matias, líder de movimentos sociais e teatrólogo que se destacou nos anos 80 em Rio Branco (veja box abaixo).
O que é autossustentabilidade?
Autossustentabilidade é um conceito de ecologia que define a exploração de recursos naturais que cause mínimo impacto sobre o meio ambiente, que dê tempo para a natureza se recompor e traga retorno financeiro suficiente para o sustento das pessoas envolvidas e de suas famílias com dignidade.
Matias, líder social e teatrólogo
Dos seringais do Vale do Juruá até sua participação em movimentos sociais em Rio Branco, José Marques de Souza, o Matias, utilizou o teatro para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas. Matias influenciou a vida de pessoas que com ele tiveram contato, desde as mais simples, que mudaram suas histórias de vida através do trabalho desenvolvido com o teatro, até artistas e intelectuais.
Fonte: Agência de Notícias do Acre, 05.11.2009
Butão inova ao criar a Felicidade Interna Bruta
O Butão, país da Ásia entre a Índia e o Tibet, criou uma visão alternativa para medir as riquezas de um país na década de 1970. Em vez de somente medir as riquezas materiais, passou a medir também a felicidade, o bem-estar da população e o desenvolvimento sustentável. Criou então o índice Felicidade Interna Bruta (FIB), pois o Produto Interno Bruto (PIB) não dava mais conta desses conceitos. A conta é simples: quando um país vende seus recursos naturais, por exemplo, o resultado final é tido como crescimento, mas os danos ambientais e sociais podem ser irreversíveis.

No Butão, Ásia, a felicidade da população também mede a riqueza do país
O cálculo do FIB inclui o padrão de vida econômica, educação de qualidade, saúde, expectativa de vida e longevidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, bons critérios de governança, gerenciamento equilibrado e bem-estar psicológico. Para o economista da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) Ladislau Dowbor, a principal defasagem do PIB é não contabilizar
os estoques de recursos naturais. “Se um país exporta petróleo, corta suas florestas, na verdade está reduzindo o estoque de riquezas”, afirma. (...)Para Dowbor, é preciso mudar o paradigma do que significa felicidade e lucro. “Precisamos redescobrir coisas essenciais para a vida, como ter amigos, conhecer o bairro e valorizar a família”.
Fonte: Gazeta do Povo (Curitiba - PR ), 16.11.2008

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