sábado, 5 de maio de 2012

MATÉRIA SOBRE SÍTIO ECOLÓGICO GANHA PRIMEIRO LUGAR NO PRÊMIO BNB DE JORNALISMO



Mãos do desenvolvimento regional

Texto da matéria de Rayssa de Sousa Alves, que ganhou o prêmio BNB de Jornalismo/ 2011, com a matéria sobre o Sítio Ecológico.

O tempo que passa sem pressa no Sítio Ecológico é o motor do desenvolvimento em São Luís, no Estado do Maranhão. As frutas que desabrocham e os animais que crescem são bons exemplos. O equilíbrio entre o homem e a natureza é um dos segre-dos do lugar.
Tudo começou a partir da transformação de uma área de três hectares em modelo de sustentabilidade. A iniciativa é exemplo de que idéias simples podem fazer diferença na forma de tratar a terra.
O sítio ecológico foi idealizado pelo ecolo-gista Moisés Matias e fica na zona rural da capital maranhense. O modelo orgânico pode ser visto em todas as partes: da ali-mentação dos animais ao adubo das plantas.
As galinhas caipiras e patos são alimenta-dos com uma mistura nutritiva que não leva elementos químicos. Na composição são usados sobras de frutas, folhas de macaxei-ra, none e milho. O minhocário e as cinzas de madeira ajudam na produção de adubo para as plantas. E assim, a força da natureza vira impulso para o desenvolvimento regio-nal.
O ecologista também apostou na valoriza-ção dos conhecimentos tradicionais, ou seja, recorrer a sabedoria popular. Foi a partir daí que o Sítio Ecológico virou uma alternativa de geração de renda, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável na zona rural de São Luís. “Uma pesquisa feita no sítio durante cinco anos mostra que a natureza tratada com carinho, sem adubo químico e venenos, produz um resultado cada vez melhor, você cuida bem dela e ela de você”, reitera Moisés Matias.
A idéia se espalhou
Para além do Sítio Ecológico, as idéias vão ganhando forma em outros sítios que tam-bém adotaram o modelo de desenvolvimen-to sustentável. É em outro povoado afastado
da cidade que o produtor Altamiro Ferraz aproveita a fertilidade do solo maranhense. Em 1997, ele montou a Alimentum, empre-sa que fornece verduras, legumes e frutas para supermercados de São Luís. Uma infinidade de produtos saem fresquinhos do sítio como milho, quiabo santa cruz, alface roxo, cupuaçu, hortelã, pimentão, alho poro e rúcula.
O principal desafio desde que Altamiro começou a produzir em larga escala veio quando ele decidiu mudar radicalmente o modelo de produção. Resolveu não usar mais agrotóxicos. Os alimentos orgânicos como são chamados não representam risco a saúde de quem os consome.
Esse modelo de produção adota um ciclo, integrando os componentes da natureza. O esterco do boi não é descartado. Ele vai para uma caixa onde são adicionados água, leite, açúcar, cinzas de madeira, fosfato natural, ácido bórico e sulfato de zinco.
Essa mistura dá origem ao biofertilizan-te.Um líquido barrento vai direto para as redes de irrigação das plantas. Com esse sistema, o produtor economizou dinheiro que seria que usado para a compra de agro-tóxicos.
E o ciclo não para. As folhas do milho são trituradas e depois vão direto alimentar bois e vacas que produzem o esterco. En-tão, um novo ciclo é aberto.
Os agricultores que trabalham no sítio estra-nharam no começo. Mas hoje reconhecem as mudanças. “A natureza está retribuindo melhor do que antes, pois se esse verde não for cuidado, ela não retribui”, afirma seu Orlando Carlos Silva que trabalha como agricultor no sítio.
Preservação e aproveitamento são duas coi-sas que não faltam no sítio. Desde que a mudança foi adotada o trabalho aumentou, mas o rendimento da terra é cada vez melhor. Exatamente a cada dois meses e quatro dias, o milho é colhido. São cinco milheiros espa-lhados pelo sítio. Altamiro afirma que apos-tou na integração da natureza para diminuir as perdas de produção. “Nós percebemos com muita clareza que antes, no sistema convencional, tínhamos problemas seríssi-mos com pragas, perdíamos áreas inteiras porque não conseguíamos controlar as pra-gas que atacavam a plantação, hoje nós temos um sistema bem mais diversificado e temos mais facilidade de controlar as pragas porque utilizamos os produtos orgânicos que reforçam a defesa da planta”, festeja o pro-dutor, satisfeito com a mudança.
“O Maranhão não é pobre, o estado é muito rico, generoso, o Maranhão é injusto social-mente, mas essa realidade pode mudar e o Sítio Ecológico é um instrumento para isso”, conclui o idealizador do Sítio Ecológico.
(Matéria veiculada no boletim UFMA12/2011)

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